ARTIGOS
O colecionador de Atitudes:
17/02/2012
Olá Babys!
Apenas por curiosidade fui bisbilhotar o blog ''o avesso da moda'' e me deparo com uma ''chamada'' sugerindo a leitura de uma entrevista de um artista, comecei a leitura e a emoção tomou conta de mim, me enebriando de tal maneira que não pude resistir e não poderia deixar de compartilhar com voces este post que me deixou esperançosa com o mundo, com as pessoas, por estabelecer que ainda existe muita sabedoria e sensibilidade em nós humanos.Então vamos a entrevista do artista e depois me digam o que sentiram.
o colecionador de contas do carnaval [Mardi Gras]: Stephán Wanger em entrevista exclusiva
pesquisa: ana herrera; entrevista: mirian barranco herrera
Stephán Wanger:
Enquanto pelo dia trabalhava em construção, para ajudar a reconstruir as casas, à noite colava contas em vasos de plantas.

SW: Em 2007, houve um comercial de turismo sobre Nova Orleans. Sua mensagem principal era “Be a tourist in your own town” [Seja um turista em sua própria cidade] – uma vez que tenho experiência em marketing de turismo, percebi o que o governo tentava fazer ao veicular esse comercial. Entretanto, 50% de Nova Orleans ainda estava destruída e os outros 50% da população ajudava os demais para que conseguissem caminhar com as próprias pernas. O tempo era um luxo... ninguém tinha tempo para ser um turista. O governo usava o dinheiro de impostos para produzir esses comerciais caros, mas nenhuma pessoa da região conseguia ver um comercial de turismo sobre sua própria cidade... Os comerciais de turismo deveriam ser veiculados em outros estados ou em outros países para que pudessem levar dinheiro para a região. Foi quando tive a ideia de criar uma exposição de arte denominada "A Million Greetings from New Orleans".


Avesso: Você não utiliza somente as contas do Mardi Gras, mas também materiais da destruição provocada pelo furacão Katrina. Por que você tem esse interesse especial pela reciclagem de material?
SW: Ao longo de toda a costa do golfo do Alabama, Mississípi, Louisiana e Flórida, o carnaval é celebrado. Os desfiles do Mardi Gras produzem, a cada ano, mais de 7.500 toneladas de contas que terminam em aterros. Se você adicionar 50 anos de Carnaval, terá o tamanho do derramamento de óleo BP Horizon que ocorreu em 2010.
A diferença é que o óleo orgânico será desintegrado pela água salgada, mas o plástico nos aterros levará muitos anos para ser destruído. O uso de outros materiais reciclados vem de pessoas que receberam dinheiro das companhias de seguro devido à destruição e que simplesmente dilaceravam suas casas e as construíam novamente. Eu quis mostrar às pessoas um modo diferente, não apenas o apelo de produtos novos. Uma sociedade baseada no consumo muda lentamente hábitos antigos. É um desafio pessoal fazer com que minha arte tenha ares de algo novo e pareça nova.
SW: Na preparação para a construção formal de cada obra, as contas são meticulosamente distribuídas por tamanho, no milímetro exato e no formato perfeito, criando uma paleta detalhada e variada, bem parecido ao trabalho de um pintor. O segredo é cortar todas as contas do colar. Eu uso E-6000 como material adesivo, uma vez que fornece flexibilidade ao ser aplicado nas contas, bem como as deixa o mais firme possível. De fato, uso contas bem pequenas para preencher as lacunas.




Stephán e suas contas
Avesso: Achei seu trabalho "My Beauty Underneath" espetacular e cheio de significado. Poderia comentar essa obra? Quanto tempo ela levou para ficar pronta?
SW: A obra “My Beauty Underneath” levou, aproximadamente, dois meses para ficar pronta. Ela é sobre tentar ver a beleza interna em cada pessoa. Nossa sociedade mudou e a beleza, de certo modo, se tornou uma doença social. Ninguém mais, de fato, vê ou leva o tempo necessário para compreender uma pessoa. As pessoas somente devem ter boa aparência. Os olhos de “My Beauty Underneath” procuram olhar para dentro da alma e perguntar: “Quais são suas imperfeições?”, “Como sociedade, nós julgamos com muita facilidade?” ou “Por que estamos tentando com tanta força e por que investimos tanto dinheiro em esconder nossas imperfeições?”
Avesso: Você é alemão, mas mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Por que escolheu o Estado de Louisiana para morar?
SW: Eu sou muito grato ao que os Estados Unidos fizeram na Alemanha e, especialmente, por mim em Chicago. Eu acredito que, mundialmente, os Estados Unidos é um país incompreendido. Eu simplesmente quis ajudar e retribuir. Eu senti que poderia ajudar Louisiana, mas não sabia em que área e me sinto muito honrado pelo que aconteceu nos últimos cinco anos. Depois do furacão Katrina, decidi me mudar para Nova Orleans para ajudar a reconstruir a cidade. Quando jovem, cresci na Alemanha sempre cercado por militares da Inglaterra, EUA, França e outros aliados. Eu não conseguia entender o porquê de todos esses militares em meu país.
Estava triste, uma vez que depois da Segunda Guerra Mundial, os políticos discutiam se, de fato, valia a pena reconstruir a Alemanha, pois o país provocara duas Guerras Mundiais. Foi difícil crescer pensando que muitas pessoas acreditavam que seu lar não valia a pena ser reconstruído. Eu sou 100% produto dos valores ocidentais que foram implantados pelos aliados na Alemanha, no pós-guerra. Consequentemente, os Estados Unidos foi um país muito bom para mim.
Pelicano
Ave símbolo do Estado de Louisiana
Flor de Lis - Várias cidades em Louisiana
a utilizam como símbolo
Estava triste, uma vez que depois da Segunda Guerra Mundial, os políticos discutiam se, de fato, valia a pena reconstruir a Alemanha, pois o país provocara duas Guerras Mundiais. Foi difícil crescer pensando que muitas pessoas acreditavam que seu lar não valia a pena ser reconstruído. Eu sou 100% produto dos valores ocidentais que foram implantados pelos aliados na Alemanha, no pós-guerra. Consequentemente, os Estados Unidos foi um país muito bom para mim.
Assim, quando o furacão Katrina destruiu Nova Orleans, em 2005, eu não conseguia acreditar que as pessoas, de fato, discutiam se valia a pena reconstruir a cidade. Isso soava muito familiar para mim – uma vez que estávamos falando de milhares de lares. Milhares de famílias foram dilaceradas. Eu penso em todas essas crianças que crescerão em Nova Orleans sabendo que os políticos discutiram e consideraram que seus lares não mereciam ser reconstruídos. Eu realmente tive de vir a Nova Orleans e prestar a máxima ajuda possível.
Avesso: Soube que você tem um aprendiz e que ele é brasileiro. Por que você decidiu ter um aprendiz e o que você pode nos contar sobre essa relação?
SW: Conheci Williams há cerca de dois anos, quando doei meu tempo, como voluntário, por um ano letivo completo, duas vezes por semana, em uma escola de ensino fundamental (da 3ª. à 5ª. série) fora de Nova Orleans. A escola tem mais de 450 alunos e alternou vários alunos em minhas aulas de arte. As crianças são muito importantes para mim porque eu sinto que, se posso ensiná-las sobre o que fazer com todas essas contas, talvez elas possam encontrar um modo de ganhar um pouco de dinheiro. Ademais, finalizar um mosaico é uma boa meta de orientação. Você começa com apenas uma conta pequena e, depois de alguns dias, conquista algo... como na vida.
Alunos de Stephán que trabalharam
no projeto "Taste of Louisiana"
Eu contei com Williams apenas uma vez em minha aula – e pude perceber como ele era talentoso. Mas, então, não o vi mais... Perguntei à diretora da escola o motivo pelo qual meu aluno mais talentoso não estava em minha aula. Ela me disse que Williams fora punido por outros professores, uma vez que estes professores sabiam que ele adorava minha aula.
Os outros professores tentavam discipliná-lo porque ele era muito esperto. Um exemplo: Williams fazia sugestões na aula que o professor interpretava como críticas, quando, na verdade, eram apenas ideias que faziam sentido. O professor se sentiu desrespeitado e o castigou afastando-o de minha aula. Mas, por que Williams era tão esperto?
Seus pais falavam pouco em inglês. Atualmente, Williams está no país há cerca de sete anos. Sempre há uma visita ao hospital, uma preocupação quanto à conta de telefone, um problema com a conta de luz ou simplesmente problemas no carro. Williams tem de fazer a tradução para seus pais e para sua irmãzinha de três anos. Com o tempo, ele se tornou um adulto em sua mente jovem, mas os professores somente o enxergam como um garoto.
Devido ao modo como os professores o trataram, Williams se tornou cada vez mais problemático. Brigava na escola, discutia com os professores, etc. Eu perguntei à diretora se era possível tê-lo como um aprendiz, durante o verão de 2011 e se ela poderia me informar os dados dos pais de Williams. A diretora concordou e encontrei os pais de Williams, para quem informei que eu efetuaria a remuneração do trabalho do menino. Qualquer serviço prestado deve ser pago. Eu acredito que as crianças devem aprender isso cedo na vida. Eu acredito que assim é a vida.
Atualmente, Williams está na 6ª. série e vai bem. Ele é um ótimo aluno em várias disciplinas e é muito querido. Um ótimo garoto com um coração enorme. Ele fará com que o Brasil se sinta orgulhoso um dia, pois acredito que ele é um gênio e muito talentoso em vários sentidos. Sua família e eu nos tornamos bons amigos.
Há duas semanas ele aceitou seu primeiro trabalho comissionado, encomendado por um casal da Flórida, está no caminho certo... Ele vive enfatizando que o Brasil venceu cinco Copas do Mundo de Futebol e que a Alemanha somente venceu três vezes, entretanto, eu contra-argumento que o placar está cinco a cinco porque as alemãs venceram a Copa do Mundo de Futebol Feminino duas vezes... ele diz que isso não conta... (risos).
Avesso: Sobre suas obras: atualmente elas estão em exposição? Pretende apresentá-las no Brasil?
SW: As peças em minha galeria e as peças vendidas estão em uma exposição denominada "A Million Greetings From New Orleans." As 12 peças que criamos com a escola de Williams são denominadas “Taste of Louisiana” e retratam casos famosos de itens alimentícios de Louisiana e Nova Orleans. Atualmente trabalho em mais duas escolas para criar a exposição “Louisiana: Pick Your Passion” com a Andrew Wilson Charter School; com a Waldorf School of New Orleans estamos em fase de criação de três peças de carnaval.
Máscaras do Mardi Gras com contas recicladas
Em junho, teremos mais de 50 peças reunidas para apresentar. Em seguida, viajaremos para promover o turismo para a região e para a cidade de Nova Orleans. Sem dúvida, eu realmente adoraria levar a exposição para o Brasil, mas isso depende do patrocínio que preciso e que eu não posso bancar por conta própria.
Então, não é fascinante esse monte de histórias repletas de contas? Para terminar, confira este vídeo no qual Stephán explica um pouquinho de suas obras:
Conheça:Galeria Alegria: https://www.galeriaalegria.com/
Matéria do Los Angeles Times sobre a questão ambiental com as contas do Mardi Gras:
https://www.latimes.com/news/nationworld/nation/la-na-mardi-gras-beads-20120216,0,1959252.story
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- Paris, France
- Salut, meu nome é Roselisa. Muitos me chamam de Deísa. Sou brasileira e atualmente moro em Paris. "Sertaneja globalizada", como me definiu um amigo. Gosto de escrever, de fotografia, de viajar, de cinema, de arte, de política e tudo o mais que me faz sentir e pensar. Aqui é o meu espaço, livre.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
"WHERE IS THE LOVE?"
Dica:
como manter um casamento saudável
1. Qual o primeiro sinal de que uma relação pode estar em risco?
Existem alguns sinais que indiciam que uma relação pode estar vulnerável. De um modo geral, estes sinais estão relacionados com a forma como o casal comunica, no entanto, nem sempre é fácil percebê-los. É por isso que quando as dificuldades se enraízam podem dar lugar a sinais mais “evidentes” como o aparecimento de uma terceira pessoa (infidelidade) ou a quebra da sexualidade.
(Quase) todos os casais sabem que o conflito faz parte do casamento. Não são certamente as discussões que fazem com que um casal se divorcie. Em qualquer relação amorosa há períodos de maior tensão, em que as discussões são mais frequentes e os membros do casal se sentem mais afastados. Essas pequenas crises são também oportunidades de mudança e reajustamento. Os casais que aprendem a ceder e a gerir os conflitos tornam-se pessoas emocionalmente mais inteligentes e felizes.
A partir do momento em que as discussões parecem tomar conta do dia-a-dia do casal, sobrepondo-se largamente às conversas positivas, deveria soar o alarme. Não me refiro propriamente a discussões que girem à volta de temas estruturantes, mas antes a discussões que surgem “por tudo e por nada”. A partir do momento em que qualquer gesto ou comportamento é capaz de gerar uma reacção explosiva em pelo menos um dos cônjuges, é sinal de que o casal está a viver uma crise séria. Esta espécie de “arranque” ríspido (em que o início das discussões é intenso e brusco) é, aliás, um sinal evidente da seriedade das dificuldades.
Outro sinal de perigo diz respeito às críticas. Qualquer pessoa terá várias queixas a fazer em relação ao seu cônjuge. Como não há pessoas perfeitas, é legítimo que tenhamos que nos adaptar aos defeitos da pessoa que escolhemos para estar ao nosso lado. Mas isso não quer dizer que não possamos queixar-nos do comportamento do nosso cônjuge. Mesmo os casais felizes criticam-se mutuamente (o que é diferente de fazer uma queixa centrada num comportamento específico). Nos casais em crise a crítica é frequente e acaba por transformar-se num rol de ataques pessoais que minam a relação. Os membros do casal deixam de expressar as suas necessidades e passam a atacar-se constantemente. Por exemplo, é frequente ouvi-los iniciar as suas frases com “TU…” em vez de “EU…”.
Esta escalada leva invariavelmente ao aparecimento de outro sinal de perigo: o desprezo. De fato, à medida que as dificuldades de comunicação se agunizam, os membros do casal deixam de se preocupar com o respeito mútuo e enveredam por um caminho muito perigoso, marcado por expressões sarcásticas que são muitas vezes descritas como piadas inofensivas. Mas existe uma diferença muito grande entre o humor (com que ambos se riem) e o sarcasmo (que é normalmente usado para atingir o cônjuge).
A postura defensiva constitui outro importante sinal de que a relação atravessa dificuldades sérias e é caracterizada por uma espécie de braço-de-ferro em que nenhum dos membros do casal parece ceder ou ser capaz de reconhecer que errou. Os pedidos de desculpa tornam-se cada vez mais raros e as tentativas de reconciliação terminam invariavelmente em amuos ou mais discussões. Escusado será dizer que quando a escalada atinge este nível o ambiente familiar torna-se insuportável.
Não raras vezes um dos membros do casal acaba por fechar-se sobre si próprio e o isolamento acaba por ser a resposta mais frequente a qualquer crítica ou tentativa de iniciar uma discussão. Este sinal de perigo é mais comum nos casais que já estão juntos há muito tempo e constitui um comportamento tipicamente masculino – quanto mais a mulher “barafusta”, mais o marido “enterra” a cara no jornal, por exemplo.
2. Esses sinais podem aparecer a qualquer momento, ou são mais frequentes em relações mais longas?
Os sinais de perigo descritos antes podem aparecer em qualquer fase do ciclo de vida. No entanto, o avanço da escalada até ao aparecimento da postura defensiva e do isolamento são mais comuns nas relações mais longas. Além disso, é possível identificar outros padrões: por exemplo, quando um casal jovem enfrenta uma crise conjugal séria, a palavra divórcio vem muitas vezes à tona. Quanto maior for a intensidade dos problemas, maior a frequência das ameaças, o que acaba, invariavelmente, por desgastar a relação. Nos casamentos mais antigos a crise conjugal acaba por repercutir-se de forma visível nas manifestações físicas de amor romântico. Quanto maior for o afastamento entre os membros do casal, menor será a frequência dos mimos. Nalguns casos, o comportamento “público” dos casais não indicia sequer que se trata de uma relação amorosa – não trocam carinhos, não dão as mãos, etc.
3. Existe alguma “receita” para ter um casamento feliz e “para toda a vida”? Se sim, qual?
Apesar de não existir propriamente uma receita, a verdade é que existem alguns pilares que são comuns à generalidade dos casais que estão juntos há muito tempo e que se sentem felizes com a sua relação conjugal. Estas pessoas não têm mais qualidades nem menos defeitos do que as outras. Aquilo que diferencia as suas relações tem um nome pouco romântico: amizade. É verdade! Os casais felizes e satisfeitos investem activa e sistematicamente na consolidação da sua amizade. Como? Investindo no conhecimento mútuo, por exemplo. Conhecer, compreender e aceitar o nosso cônjuge é um desafio para a vida toda, que implica olhar para o passado, identificar vulnerabilidades e geri-las com inteligência emocional, mas também implica estar atento ao presente através de actualizações sistemáticas. Não basta conhecer o percurso do cônjuge, é preciso saber aquilo de que ele(a) gosta hoje, conhecer as suas preocupações, os seus sonhos. Ora, esse conhecimento depende do diálogo franco, aberto e regular. Os casais mais felizes conversam todos os dias sobre o “mundo” de cada um. Isso não significa que se massacrem diariamente ou que façam um do outro o respectivo “saco de pancada”. Significa, isso sim, que têm a paciência para se ouvirem mutuamente e que se esforçam para funcionar como uma verdadeira união.
Por outro lado, estes casais admiram-se mutuamente e expressam de forma clara essa admiração. Em vez de se deixarem contagiar pelos pensamentos mais negativos do cônjuge, fazem questão de salientar aquilo que cada um tem de melhor. Isso implica estar presente nos piores momentos, dar apoio emocional antes de criticar, funcionar como uma equipa, elogiar de forma sincera e regular.
Ceder é, para estes casais, a palavra de ordem. Sejamos francos: nem todas as pessoas “foram feitas” para estar casadas. Nem todas as pessoas têm estofo ou paciência para se deixarem influenciar pelo seu cônjuge. Ora, esta é uma competência fundamental para quem queira estar casado. E os casais mais antigos sabem-no bem. Abdicam muitas vezes daquilo em que acreditam em nome de um bem comum. O braço-de-ferro dá lugar à negociação e à noção de que, para que o casamento seja bem-sucedido não se pode “ganhar” sempre. Isso implica que haja um projecto comum. A relação não anda à deriva, nem os membros do casal procuram viver um dia de cada vez. Existem sonhos que são partilhados e alimentados. Existe a perspectiva de futuro, daquilo que se quer construir.
4. Podemos afirmar que existem casamentos “perfeitos”? Se sim, o que é que podemos entender por “casamentos perfeitos”?
Não existem casamentos perfeitos, do mesmo modo que não existem pessoas perfeitas. Todas as relações têm falhas e problemas. Além disso, mesmo nas relações em que os dois membros do casal se sentem satisfeitos há períodos de maior harmonia e períodos de maior afastamento, como referi antes. O ciclo de vida de um casal é repleto de obstáculos e de acidentes de percurso que colocam a relação à prova. A força destas crises debate-se com a força da relação. Se os pilares estiverem consolidados, é provável que o casal saia fortalecido de cada dificuldade. Mas se o casal não tiver investido nas bases que descrevi antes, qualquer problemazinho pode levá-los à ruptura.
5. O amor, mesmo que muito forte, é suficiente para que um casamento possa durar “para sempre”, ou há outros factores que não podem ser descurados?
Poderia dizer que quem ama de forma inteligente tem maiores probabilidades de ser bem-sucedido no casamento. No fundo, amar alguém é muito mais do que sentirmo-nos apaixonados. Há muitos casais que admitem que se amam, apesar de não serem capazes de construir uma relação. Há até quem se divorcie apesar de ainda amar. Então, como escrevi há uns anos, “É preciso reconhecer que se ama e que se quer continuar a amar”.
6. Que repercussões é que esta época de crise que vivemos actualmente pode ter nas relações a dois?
Os factores externos podem ser amplamente desestabilizadores para uma relação conjugal. As dificuldades financeiras e o desemprego não entram no “pacote” dos sonhos de nenhum casal e dão quase sempre origem a desentendimentos e tensão. Esses são obstáculos que podem funcionar como verdadeiros testes à força de um casamento. De um modo geral, quando os membros do casal se voltam “para dentro” da sua relação e quando decidem enfrentar as dificuldades juntos (usando as competências que referi atrás), a relação acaba por sair fortalecida.
7. Em que medida é que a terapia familiar e conjugal pode ser importante para prevenir os períodos de crise e ajudar a ultrapassá-los?
A Terapia Familiar e Conjugal permite que os casais possam pedir ajuda externa a partir do momento em que alguns sinais de alarme surgem e/ou a partir do momento em que deixam de se sentir capazes de gerir as suas dificuldades sozinhos. Não fará sentido que alguém corra para um consultório de Psicologia depois de uma discussão conjugal, nem sequer porque está a atravessar um período complicado mas perfeitamente contextualizado. Por exemplo, se os membros do casal começarem a discutir frequentemente depois de um deles ter perdido o emprego, não há, à partida, motivos para pedir ajuda especializada. É preciso tempo para que as famílias se reajustem às mudanças e até é saudável que do conflito possam surgir novas competências. Quando as discussões ou o mal-estar se prolongam por semanas ou meses e/ou não há motivos identificados para o afastamento, vale a pena parar para equacionar a hipótese de recorrer à Terapia.
Aqui quero postar um Email de um leitor, fiquei bastante sensibilizada, por isso gostaria de compartilhá-lo .
Casamento Uma Reflexão!
Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: “Tenho algo importante para te dizer”. Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos...
De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei oassunto calmamente.
Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: “Por quê?”
Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou “você não é homem!” Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouvi-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.
Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.
No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.
Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio.
Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento deseus pais.
Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.
Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. “Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar odivórcio” ,disse Jane em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo,então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo “O papai está carregando a mamãe no colo!” Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho “Não conte para o nosso filho sobre odivórcio”
Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar oônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.
No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi quehá muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.
No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.
No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.
Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro,ela disse “Todos os meus vestidos estão grandes para mim”. Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade emcarregá-la nos últimos dias.
A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso… ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração….. Instintivamente, eu estiquei o braçoe toquei seus cabelos.
Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse “Pai, está na hora de você carregar a mamãe”. Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia donosso casamento.
Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: “Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade como tempo”.
Eu não consegui dirigir para o trabalho…. fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia…Subias escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela “Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar”.
Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa “Você está com febre?” Eu tirei sua mão da minha testa e repeti “Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar.
Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor.
Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.
A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu aporta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.
Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: “Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe”.
Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama – morta. Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio – e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã.
Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.
Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto.
Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos.
Tenham um casamento real e feliz!
Esse post foi publicado pelo colaborador Raphael Cangucu
Brasil 08 de janeiro de 2012